Quando cheguei ao shopping fui direto ao caixa eletrônico. Eu devia ser o quinto da fila mais ou menos. Chegou a vez de um cara que tinha por volta de trinta e seis, trinta e sete anos, semblante tenso, usava uma camisa branca, óculos, tinha barba por fazer e pele branca. Ele inseriu o cartão, esperou e nada. De novo, inseriu, esperou e... nada. Fez uma cara de “puta que pariu”, mas um “puta que pariu” contido. Recomeçou o processo. Depois de ter feito isso umas vinte vezes começou a se instalar um mal-estar entre as pessoas na fila e a sensação que eu tinha era que se ninguém fizesse nada ele ficaria tranquilamente umas duas horas ali masturbando o caixa eletrônico com aquela cara de “puta que pariu” contido.
Fui até o cara – cujas expressões de tensão à flor da pele já denunciavam a iminência da crise – e falei: “Dá licença, amigo. Já que você não está conseguindo, tem como você esperar ao lado do caixa enquanto duas pessoas tentam?”. Ao que este homenzinho respondeu em tom rude: “Meu amigo, o problema é o seguinte: não é meu cartão que está ruim é a máquina. Eu fiquei esperando vinte minutos.”.
Enquanto eu tentava propor algo próximo a um meio termo entre a vontade dele e a das pessoas na fila, ele deixava claro que se ele esperou vinte minutos todos deveriam esperar.
Depois de dizer isso, o homenzinho saiu deste caixa – que, aliás, era o único com saques disponíveis – e foi tentar tirar extrato ou algo do tipo no último caixa. Daí o próximo da fila colocou seu cartão e conseguiu sacar sem problemas. Antes de chegar a minha vez o homenzinho saiu da máquina com o semblante de quem camuflava a iminência de um enfarte ou de uma tentativa de homicídio, passou por mim, deu três tapas no meu ombro, firmes o suficiente para deixar clara sua raiva canalizada para mim, mas não o suficiente para configurar agressão, disse: “Tenta lá.”; e desceu a escada rolante.
Chegada a minha vez consegui sacar sem problemas. Desci a escada rolante, andei alguns metros e para minha surpresa vejo uma puta fila no caixa do banco 24 horas e adivinha quem estava masturbando a máquina? O homenzinho! Passei por trás dele, dei-lhe três tapinhas nas costas e disse sorrindo: “Consegui.”. Ele me lançou um olhar de ódio profundo e eu segui meu caminho pensando em como vivemos no automático a maior parte do tempo, como se as pessoas ao redor fossem apenas fantoches coadjuvantes de nossa existência com suas atuações já pré-determinadas, como se cada pessoa não fosse um universo totalmente inexplorado de onde pode surgir todo tipo de coisa.
Fui até o cara – cujas expressões de tensão à flor da pele já denunciavam a iminência da crise – e falei: “Dá licença, amigo. Já que você não está conseguindo, tem como você esperar ao lado do caixa enquanto duas pessoas tentam?”. Ao que este homenzinho respondeu em tom rude: “Meu amigo, o problema é o seguinte: não é meu cartão que está ruim é a máquina. Eu fiquei esperando vinte minutos.”.
Enquanto eu tentava propor algo próximo a um meio termo entre a vontade dele e a das pessoas na fila, ele deixava claro que se ele esperou vinte minutos todos deveriam esperar.
Depois de dizer isso, o homenzinho saiu deste caixa – que, aliás, era o único com saques disponíveis – e foi tentar tirar extrato ou algo do tipo no último caixa. Daí o próximo da fila colocou seu cartão e conseguiu sacar sem problemas. Antes de chegar a minha vez o homenzinho saiu da máquina com o semblante de quem camuflava a iminência de um enfarte ou de uma tentativa de homicídio, passou por mim, deu três tapas no meu ombro, firmes o suficiente para deixar clara sua raiva canalizada para mim, mas não o suficiente para configurar agressão, disse: “Tenta lá.”; e desceu a escada rolante.
Chegada a minha vez consegui sacar sem problemas. Desci a escada rolante, andei alguns metros e para minha surpresa vejo uma puta fila no caixa do banco 24 horas e adivinha quem estava masturbando a máquina? O homenzinho! Passei por trás dele, dei-lhe três tapinhas nas costas e disse sorrindo: “Consegui.”. Ele me lançou um olhar de ódio profundo e eu segui meu caminho pensando em como vivemos no automático a maior parte do tempo, como se as pessoas ao redor fossem apenas fantoches coadjuvantes de nossa existência com suas atuações já pré-determinadas, como se cada pessoa não fosse um universo totalmente inexplorado de onde pode surgir todo tipo de coisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário